Quanto maior a reunião, menores são os resultados – Tim Cook
Manifesto Ágil e os desafios de implementação da metodologia Agile
Vinte anos parece ser tempo suficiente para convencer as pessoas a implementarem métodos e práticas que aceleram sua capacidade de inovar, como é o caso do método Agile. Mas, pelo visto, não é assim que a vida funciona.
Desde que o Manifesto Ágil foi publicado (2001) por 17 especialistas da área, tivemos acesso a uma série de valores importantes para o desenvolvimento ágil de softwares. Profissionais de diversos setores, principalmente de TI e empresas inovadoras, adotaram os métodos ágeis. No entanto, duas décadas depois, ainda existe muito ceticismo e dúvidas.
A resistência das pessoas e organizações em aceitar e implementar tais mudanças é maior do que se imagina. Mas é preciso que as pessoas aprendam novas formas de fazer as coisas se quiserem sobreviver e continuar inovando.
Segundo o último relatório anual State of Agile, da Digital.ai, de 2020, a resistência geral das organizações em encarar mudanças está entre os maiores desafios para a implementação da metodologia ágil. Um dos fatores críticos é a falta de apoio e participação da liderança, bem como a insistência em processos e práticas inconsistentes.
Além disso, uma cultura organizacional que valoriza processos mais do que indivíduos, documentação abrangente mais do que software em funcionamento, negociação de contratos mais do que colaboração com o cliente, pode ser um grande obstáculo para a implementação da metodologia ágil.
Para culturas empresariais que punem o erro, que valorizam hierarquias e que ainda têm processos burocráticos demais, valores ágeis são uma espécie de soco no estômago por abrirem margem para incertezas de seus resultados. Há quem tome isso como lição para uma mudança de atitude. E há quem permaneça resistente e continue apanhando do mercado, da concorrência e dos clientes insatisfeitos.
6 características de uma empresa capaz de implementar a metodologia ágil
A solução para evitar tanto sofrimento é conciliar uma filosofia de gestão, já conhecida e consagrada nas empresas de manufatura, com os métodos ágeis. Estou falando do Lean, uma filosofia que surgiu na década de 1980, na indústria automobilística japonesa, mais precisamente do Sistema Toyota de Produção, para evitar e reduzir desperdícios contínuos, diminuir custos e resolver problemas de forma sistêmica, além de combater a má gestão de estoque e a subutilização da capacidade dos colaboradores.
Mesmo parecendo simples, a implementação do Agile/Lean também requer uma análise prévia de dois pontos: fluxos de valor e processos produtivos da empresa. Isso porque o Agile e o Lean misturam elementos dessas duas práticas.
É fácil dizer que a relação ágil e lean ainda está no início e demanda um pouco mais de informação e conhecimento das vantagens dessa união. Entretanto, não importa em qual estágio sua empresa está, ela é capaz de abraçar o Agile/Lean desde que:
• As lideranças sejam o vetor de transformação;
• A cultura de experimentar, errar e aprender com as falhas seja estimulada;
• Haja redução da burocracia para dar mais agilidade às decisões;
• Os times possam se organizar em squads (pequenas equipes multidisciplinares) e tenham autonomia para desenvolver os projetos;
• Os problemas sejam muito bem mapeados;
• A comunicação seja clara e aberta para facilitar a compreensão das preocupações de todas as pessoas do time e assim evitar ruídos que possam impactar os resultados.
Mudar não é fácil, seja para uma pessoa ou para uma organização. Mas reconhecer a necessidade de promover uma mudança estrutural é o primeiro passo que precisa ser dado na direção certa. Os benefícios virão com certeza, como uma melhor experiência entregue a seus clientes, redução de custos operacionais, otimização da capacidade produtiva dos colaboradores, crescimento sustentável e aumento na lucratividade.